01 Junho 2023
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 01-06-2023.
As especulações acabaram. Nos próximos dias (provavelmente antes de meados do mês), a Nunciatura Apostólica anunciará a nomeação de José Cobo como novo arcebispo de Madri, substituindo o cardeal Carlos Osoro, que há alguns meses havia pedido sua substituição ao Papa. Todas as partes estão trabalhando para que ele assuma antes da JMJ em Lisboa.
O bispo auxiliar de Madri, aos 57 anos, se tornará o líder da diocese mais importante da Espanha, com um horizonte de trabalho de mais de duas décadas e uma missão clara: atuar como 'contrapeso' para a maioria conservadora de um episcopado, o espanhol, que continua sem um compromisso firme com as reformas implementadas por Francisco.
Não será fácil para Cobo, que passará a governar uma diocese, a mais relevante da Espanha e uma das mais importantes da Europa, que após nove anos de pontificado, a de Carlos Osoro, que foi bloqueada por partidários do ex-inquilino do Paço Arcebispal, precisa trilhar um caminho firme, e servir de figura de proa para o modelo de Igreja de Francisco para a Espanha. É necessário como água de maio (neste caso, junho).
O novo arcebispo de Madri, José Cobo (Foto: Reprodução | Religión Digital)
O processo eleitoral tem sido marcado por dificuldades e pela ingerência de alguns setores, muito pouco acostumados a propor nomes, e a influenciar a Nunciatura a colocar candidatos em listas restritas, embora o Papa sempre tenha sido claro sobre isso. De fato, desde que a saída do cardeal Osoro começou a ser considerada em janeiro – não por vontade do Papa, que poderia tê-lo mantido, sem problemas, até os 80 anos, mas por solicitação do cardeal –, Francisco sempre teve dois nomes em mente: José Cobo, e o bispo de Zamora, Fernando Valera.
De fato, o Pontífice assegurou que o Núncio, Bernardito Auza – cuja permanência na embaixada do Vaticano em nosso país está sendo altamente questionada –, sabia de seu desconforto ao receber uma das listas apresentadas, na qual apareceu o Arcebispo de Oviedo, Jesus Sanz; o Arcebispo de Burgos, D. Mario Iceta; e... espera aí... Juan Antonio Martínez Camino!
“A audácia de alguns, que continuam a pensar que têm o bastão do mando, chegou a extremos inimagináveis”, sublinha a RD uma das pessoas que tem participado, mais ativamente, no processo de designação do sucessor de Osoro. Um arcebispo de Madri que, apesar do que dizem os círculos muito desinformados, foi ouvido por Roma e endossa a nomeação de Cobo.
Carlos Osoro, Papa Francisco e José Cobo (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Durante as consultas, no entanto, surgiram uma série de nomes, que foram levados em conta tanto na Congregação dos Bispos quanto na Casa Santa Marta, do Bispo de León, Luis Ángel de las Heras, cmf (o fato pesou muito que apenas dois anos em León, depois de ter passado apenas três em Mondoñedo, além do fato de ser religioso), ao Bispo de Getafe, Ginés García Beltrán (que nunca teve realmente opções reais), através o arcebispo de Toledo, Francisco Cerro, que chegou a ser considerado candidato de consenso.
A última tentativa do setor conservador foi propor como candidato o arcebispo de Valladolid e, segundo quase todas as fontes consultadas, o futuro presidente da Conferência Episcopal (já que o cardeal Omella já comentou, inclusive em atos com diretores de mídia, que não concorreu à reeleição), Luis Argüello. Uma opção que tem soado alto nas últimas semanas, a ponto de colocar em dúvida o Papa Francisco, pelo menos, que, no entanto, sempre pensou em Cobo (ou Valera) como os únicos candidatos. A opção, também cogitada, de padre, e até de missionário, logo foi descartada.
De fato, Francisco finalmente optou por um pároco que conhece perfeitamente a diocese, com clara vocação pastoral e responsável pela pastoral migratória na Igreja espanhola, chamado a ser um 'contrapeso' à guinada conservadora prevista para março de Añastro.
A recente resolução dos tribunais exonerando totalmente a diocese de qualquer responsabilidade no chamado 'caso das Fundações', serviu também para esclarecer todas as dúvidas sobre o pontificado de um tal Carlos Osoro que verá como um dos seus homens de confiança, José Cobo, acontecerá com ele em Madri, e o fará com o tempo que talvez lhe falte para poder realizar as reformas necessárias na maior diocese da Espanha. E, diga-se de passagem, tentando 'exportá-los' para uma Igreja espanhola que continua sendo uma das mais refratárias às reformas de Francisco. O Papa das surpresas.
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José Cobo será o novo arcebispo de Madri - Instituto Humanitas Unisinos - IHU